domingo, 21 de julho de 2013



Extensão e Duração    -    13 Km - 3:45 Horas
Grau de Dificuldade    -    Moderado
Localização    -    
Serra do Gerês
Ponto de Partida / Chegada    -     Ponte do Arado, Gerês
Altitude mínima    -    740 m.
Altitude máxima    -    1173 m.
 
 
 
     Os meses de Julho e Agosto nunca foram das melhores épocas para caminhadas. Por vários motivos que são sobejamente conhecidos pelo pessoal montanheiro que, por norma, caminham durante o ano inteiro. Mesmo assim, quando o vício aperta o melhor mesmo é esquecer tudo isso, calçar as botas e por os pés ao caminho.
     Como a serra de Gerês é pertinho de casa e os seus atributos são muitos, acaba por ser uma boa solução. Há muitos trilhos por onde escolher e rapidamente se encontra uma boa opção sem se ter de pensar muito. E lá fomos até perto da cascata do Arado para efectuar uma caminhada onde viria a encontrar muito do que me chama a esta serra e ao mesmo tempo o oposto, ou seja, tudo aquilo que por vezes me afasta dela.
     Partimos de junto da Fonte das Letras, passamos á Malhadoura, Tribela e rapidamente chegamos a Pinhô. Por lá encontramos três vezeireiros de Louredo da Ribeira que, numa amena cavaqueira, partilharam histórias de aventuras passadas na serra e nos explicaram como se processa a espectacular subida da vezeira desta aldeia, pertencente ao concelho de Vieira do Minho, do outro lado do rio Cávado. A subida desta vezeira efectua-se todos anos no 1.º de Junho, e acreditando nas palavras dos próprios vezeireiros é uma tradição com mais de 400 anos! A travessia dos animais é feita, imagine-se, de barca!
     Depois desta paragem seguimos em direcção a Pousada onde encontramos o gado da vezeira atrás referida. Continuando a subir, agora seguindo o Trilho da Vezeira, passamos á cabana Pradolã e antes de chegar-mos ao estreito ainda nos cruzamos com outra vezeira, desta vez a de Fafião. Mais uns largos minutos de conversa e um simpático convite para o almoço por parte deste pastor, já com o peso da idade bem vincado num rosto queimado pelo sol de muitos dias passados na serra. Nunca apetece terminar estas conversas com aqueles que verdadeiramente conhecem a serra!
     Prosseguindo caminho chegamos ao estreito e aí saímos á esquerda, descendo o íngreme vale por um trilho mariolado (“Foi limpo por nós”, disse o pastor minutos antes) que nos levaria ao Curral de Entre Águas. A partir daí descemos sempre a par do rio Conho até chegar-mos ao Poço Verde, ou será que é Azul?! Para mim é mais verde que outra coisa qualquer. Aliás, a julgar pelas palavras dos vezeireiros de Louredo da Ribeira, o termo “Poço Azul” não é mais do que uma expressão turística e eles não o reconhecem como tal, assim como muitas outras que muita gente teima em usar e que vão fazendo com que os verdadeiros nomes caiam em desuso. Estou-me a lembrar por exemplo da Fecha de Barjas que muito pessoal apelida de ‘Cascatas de Tahiti’.
     E foi precisamente no Poço Verde que presenciei uma situação no mínimo atípica, mas muito frequente no Gerês nos meses de Verão. Quando lá chegamos acabavam igualmente de chegar um simpático casal acompanhado dos dois filhos, vindos do lado da Ponte de Servas. Duas de treta, seguindo-se o mergulho da praxe e nisto chega um grupo de cerca de 20 jovens, por sinal bem ruidosos, vindos do mesmo lado. Vinte minutos depois um novo grupo, mas agora composto por cerca de 60 (sim 60!) pessoas. Num ápice estavam ali perto de uma centena de pessoas a disputar um charco de água, muito barulho e uma total ausência de tranquilidade. Tudo isto num local que se encontra dentro da zona de protecção parcial tipo II. Escusado será dizer que apenas esperei o tempo necessário para calçar as botas para me pôr a andar dali para fora!
     Estranhas formas estas de viver a montanha, trazendo para locais recônditos e tranquilos a balbúrdia própria de outros locais, tais como praias, piscinas e afins. Zarpando dali, rapidamente chegamos á ponte de Servas e dali até ao Arado foi um pulinho.
     Insólita esta caminhada onde, como já referi, de uma só assentada vivi lado a lado com o que de melhor e pior tem esta Serra do Gerês.
     Guardo para mim o melhor e espero serenamente pela chegada de dias mais frescos e ventosos!