domingo, 3 de fevereiro de 2013

Pitões das Júnias - Fonte Fria - Fraga da Brazalite - Pico da Carvalhosa - Fraga da Espinheira - Pitões das Júnias


Extensão e Duração    -    17.5 Km - 6:00 Horas
Grau de Dificuldade    -     Elevado
Localização    -    
Serra do Gerês
Ponto de Partida / Chegada    -     Aldeia de Pitões das Júnias - Montalegre
Participantes    -     Alberto - Mónica - Sampaio - António - Susana

 

"Três meses de Verão, três meses de Inverno e seis meses de Inferno"

     É desta maneira que as gentes de Pitões das Júnias descrevem o período de tempo correspondente a um ano. Mal estacionamos o carro e colocamos os pés fora da viatura podemos comprovar o porquê dessa expressão usada por aquelas gentes. Embora o céu se apresenta-se praticamente limpo e o sol começa-se a erguer-se no horizonte, estava aquilo a que vulgarmente apelidamos de "frio de rachar" e um vento que cortava de tão gélido.
     Situada em plena região chamada de "Terra Fria", Pitões fica ali bem encostada aos limites do lado nascente da Serra do Gerês, sendo uma das aldeias portuguesas situadas a maior altitude, o que se reflecte em invernos frios e muito rigorosos.
     Mas não foi o frio que nos fez deslocar até Pitões. Depois de um mês de Janeiro em que não colocamos as botas na serra, um mês em que a chuva não nos largou, a vontade de "fazer-nos á vida" era enorme. Esperava-nos uma jornada que nos levaria, entre outros, até á Fonte Fria, um dos pontos mais elevados do Gerês. Rapidamente ajustamos as mochilas e partimos rumo a mais uma aventura. Era necessário combater o frio. De referir que não tínhamos propriamente uma rota definida, existia o objectivo Fonte Fria e a rota foi-se escolhendo ao longo do caminho, tanto na ida como no regresso.
     Deixando para trás a aldeia seguimos a estrada que segue até á Portela de Pitões e logo após passar o ribeiro de Valongo saímos á esquerda seguindo um caminho em terra batida que nos levou até a vale do ribeiro das Aveleiras. Este é o caminho mais utilizado por quem faz a ligação Pitões – Fonte Fria. Depois de cruzar o ribeiro entramos verdadeiramente no mundo serrano. Seguimos o caminho lajeado serra acima e á medida que ganhamos altitude começam-se a abrir os horizontes. Ao atingir o topo desta primeira subida podemos ver á nossa frente tudo o que nos esperava: A Fraga da Brazalite, o Pico da Carvalhosa, a Fraga da Espinheira, as Gralheiras e ao longe a Fonte Fria.
     Descemos até á ribeira dos Fornos e iniciamos a ininterrupta subida até ao nosso objectivo, sempre ao largo da Brazalite, que vista de perfil é algo digno de registo. Uma imponente parede de granito! A essa altura senti que estávamos a ser vigiados, pois apercebi-me de movimentações de cabras selvagens para os lados do Cabeço Formoso. Rapidamente, como sempre acontece, desapareceram. Montanha acima, rapidamente chegamos junto da Roca Sendeia, enorme bloco granítico ali colocado em plena Corga da Tulha. Elegante esta Roca Sendeia!
     Por esta altura já se podia observar, em especial nas encostas viradas a norte, alguma neve caída no dia anterior e gelo, muito gelo. Contornamos a Sendeia e subimos uma corga em direcção á linha de fronteira com o objectivo de fazer uma abordagem á Fonte Fria pelo lado Sul. Tínhamos em mente alcançar o marco fronteiriço no topo da Fonte Fria mas não conseguimos lá chegar, ficamos a escassos metros. A quantidade de neve e principalmente gelo era de tal ordem que sem equipamento apropriado era pisar o risco. O espírito aventureiro puxava-me para concluir a subida, mas o bom senso puxou-me para a realidade! Ás vezes é importante saber onde parar!
     Desde a Fonte Fria as vistas são do melhor! Um miradouro por excelência, quer para o lado português, quer para o lado galego. Pico da Nevosa, serra do Larouco, serra do Barroso, barragem de Salas, serra Amarela, enfim, um fartote para as "vistinhas"!
     Depois de descer, contornamos a Fonte Fria pelo lado norte até voltar a entrar de novo em território português, iniciando o caminho de regresso. Ao passar junto da Sendeia seguimos umas mariolas á nossa esquerda que nos levariam a descer mesmo no sopé da Brazalite. De repente bem diante de nós novo grupo de cabredo, a fugir por entre a penedia em direcção ao topo da fraga.
     Depois de atingir um ribeiro escondido num enorme carvalhal, optou-se por subir novamente em direcção ao Pico da Carvalhosa para depois descer ao encontro do ribeiro dos Fornos. Chegados ao ribeiro o problema foi mesmo atravessá-lo. As chuvas que têm caído em abundância fizeram com que os caudais dos ribeiros aumentassem e foi preciso alguns minutos até se encontrar um local para a passagem. Mas lá conseguimos e como ainda não estávamos totalmente satisfeitos apanhamos o caminho que nos levaria até á Fraga da Espinheira. Valente este grupo!
     Atingida a Espinheira terminaram-se as dificuldades. Restava apenas seguir o caminho até perto da Portela de Pitões e depois seguir o estradão até á aldeia. Chegados á aldeia paragem obrigatória numa taberna para brindar com um bagacinho!
     Foram 17,5 kms para uma incrível caminhada, com um grupo que demonstrou sempre uma enorme vontade de ir mais longe, sem pressas de regressar, e em que o enorme sentido de humor do pessoal foi uma constante ajudando a que as dificuldades passassem despercebidas. Pessoalmente adoro caminhar nesta parte da Serra do Gerês, pois é uma zona muito menos "calcada", mais agreste e por consequência mais afastada dos rebuliços turísticos a que algumas zonas desta serra estão irremediavelmente condenadas. Mas isso são "outras histórias" e a nós o que nos interessa mesmo é caminhar.
     Um grande obrigado ao Sampaio e ao António pelas fotos. Valeu e voltem sempre!

       
   
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     

5 comentários:

  1. Olá pessoal,

    - Fantástica actividade! A zona de Pitões também é uma das minhas preferidas para caminhar. Apesar da aldeia de ano para ano ser visitada por inúmeros turistas, a verdade é que eles raramente aventuram-se para além dos arredores da aldeia (cascata, mosteiro...), o que faz com que as zonas mais «selvagens» vão-se mantendo relativamente intactas, como é o caso dos Cornos de Fonte Fria. Aproveito para deixar-vos mais uma dica (link: http://adere-pg.pt/quiosque/intro.swf). De certeza que vocês vão gostar ;)

    Um Abraço Montanheiro,
    Pedro Durães

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    1. Olá Pedro,
      É de facto uma realidade. A visão que se tem da serra desde Pitões, desencoraja muita gente a aventurar-se serra adentro.
      Obrigado pela muito interessante "dica".
      Já se começam a fazer planos!
      Um abraço.

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  2. Olá Alberto gostei da descrição senti-me envolvido parecia que ia a caminhar parabens e a reportagem fotografica dá-nos as imagens que completam a narrativa.

    muitas caminhadas
    Serafim

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    1. Olá Serafim,
      Obrigado pelas palavras.
      Passa por aí a razão de ser deste blog. Tentar demonstrar através de algumas fotos e essencialmente por palavras, de uma forma simples e directa, o quanto emocionante e enriquecedor pode ser o contacto directo com a Natureza e ao mesmo tempo dar a conhecer um pouco dos locais por onde gostamos de caminhar.
      Muitas e boas caminhadas!
      Abraço.

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  3. Olá Camarada Alberto e companhia...
    Não imaginam como lamento, não ter podido disfrutar da montanha, da vossa companhia e amizade.Estou com muita vontade de regressar "à actividade" depois de 3 longos meses sem um único trilho.
    Parabéns pela EXCELENTE foto-reportagem, cada vez melhor o "nosso" blog.
    Que Deus nos abençoe nestas paisagens abençoadas...
    Até breve

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