domingo, 18 de maio de 2014



Extensão e Duração    -    10.5 Km - 3:40 Horas
Grau de Dificuldade    -    Moderado / Dificil
Localização    -    
Maciço da Gralheira
Ponto de Partida / Chegada    -     Drave, Arouca / Póvoa das Leiras, S.P. do Sul
Altitude mínima    -    451 m.
Altitude máxima    -    1062 m.
 
 
 
       A noite, ou o que dela restou, acabou por ser tranquila. Aos primeiros raios de sol algum pessoal aproveitou para mais uma volta pela aldeia, numa espécie de 'workshop' de fotografia, enquanto o resto descansou mais um pouco e trataram do pequeno-almoço. A meio da manhã, hora de arrancar para o percurso de regresso a Póvoa das Leiras, já o calor se fazia sentir em força e, ao contrário do dia anterior, havia muita montanha para subir.
       A ideia em mente passava por sair de Drave indo ao encontro do lugar do Pêgo, daí seguir sempre pelo vale do rio Paivó, tentar encontrar passagem para a margem esquerda e a partir daí enfrentar a penosa subida até ao Alto da Cota, descendo depois até á Póvoa. Até ao Pêgo sabia o que esperar, daí para a frente seria tudo novidade para mim e para o resto do 'gang'.
       Despedimo-nos com um 'até breve' de Drave e seguimos pelo PR 14 até á bifurcação de acesso ao Pêgo, aí saímos pela esquerda sempre pelo antigo caminho de pé posto de acesso ao lugar. Existe também um estradão mas, como é óbvio, não é a mesma coisa e o velho trilhinho está lá para ser palmilhado.
       O Pêgo é um local fascinante! Sobranceiro ao Paivó encontra-se actualmente abandonado, ou pelo menos desabitado, e é um daqueles locais que faz crescer em nós aquela irresistível vontade de deixar tudo para trás e montar ali a nossa 'barraca', no meio de toda aquela beleza e tranquilidade. Aliás todo aquele profundo vale que serve de leito ao Paivó, que contorna todas aquelas formações montanhosas serpenteando todo aquele vale até desaguar no Paiva, deixa-nos pasmados com tamanha beleza. Para mim é uma das imagens de marca do maciço da Gralheira.
       Do Pêgo seguimos pelo trilho de pé posto que dá acesso a Regoufe, sempre pela margem direita do rio. O calor fazia-se sentir em força e a exposição solar era imensa. Na altura em que o trilho sobe mais á direita para a aldeia flectimos á esquerda por outro trilho, este menos perceptível, que nos iria levar até ao leito do Paivó, num local onde o rio faz uma enorme curva e onde existe uma desconcertante e ancestral ponte em xisto que mais parece ter sido retirada de um qualquer filme ou série dos Flinstones.
       Pergunto eu: "Quem raio se lembrou de tamanha ideia de construir uma ponte num local daqueles, completamente inóspito, no meio do nada e de dificílimo acesso?". Realmente o homem é capaz de tudo, gosta de desafios!
       Neste local acabamos por encontrar tudo o que queríamos: Um sítio tranquilo, mais era impossível, onde pudéssemos passar um bom par de horas e com umas belas lagoas naturais para dar uns mergulhos e refrescar o corpo do calor que se fazia sentir. Um local perfeito, com águas cristalinas onde peixes circulavam por entre as nossas pernas e nos vinham beijar os pés. A vida é tão bela!
       Depois de retemperadas a energias o que ninguém queria mesmo era sair dali! Sabíamos que o que restava do dia, ou melhor da caminhada, seria no mínimo duro e assim sendo mais um mergulho, desta vez em jeito de despedida!
       Mochilas de novo ás costas, abastecidos com água do próprio rio, lá seguimos caminho. Descemos um pouco pelo leito do rio e uns 250 m. a jusante lá encontramos o tal trilho que nos permitiria subir até á cumeada da serra da Ribeira e daí até ao Alto da Cota.
       Este trilho é duro, ponto final! Do rio Paivó até á Cota são uns 'belos' 4,5 kms. sempre a subir forte e feio dos 450 m. para os 1.060 m. de altitude. A parte inicial é, a meu ver, a mais agressiva. Depois de atingir-mos a cumeada da serra da Ribeira o declive diminui um pouco mas isso nem se nota pois já vamos todos 'rotinhos'. Por esta altura a bateria da máquina fotográfica foi-se e acabaram-se os registos. Continuamos a subir, passamos pelas misteriosas Três Marias, depois o entroncamento com o trilho Inca á direita e fizemo-nos á penosa 'trepadela' final enfrentando a 'parede' até ás eólicas no Alto da Cota.
       Esta dura subida deixa marcas garanto-vos e é óptima para quem gosta de testar a 'maquina', mas simultaneamente proporciona-nos algumas das mais belas imagens e panorâmicas que a Gralheira tem para oferecer. Por tudo isto, é um dos mais 'apetitosos' trilhos que por lá existe. E como costumo dizer: "Dói mas é bom!".
       Depois de uns minutos a recompor a respiração lá do alto, á sombra de uma eólica, lá seguimos o caminho, descendo agora até junto da capela em Póvoa das Leiras, de onde no dia anterior tínhamos partido para esta aventura.
       Foi um fim-de-semana inesquecível para todos nós. Um grupo 5*****, gente despreocupada e empenhados apenas em desfrutar ao máximo, muita energia, muita alegria, muita camaradagem e pessoas com um sentido de humor irresistível. Trilhos do melhor que se pode pedir e paisagens arrebatadoras.
       No início vi sorrisos, no fim eles eram muito maiores!
       E como diz o tal poeta, acho que tudo se conjugou para que nada faltasse!
 
 
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     
     

6 comentários:

  1. Olá caminheiros
    Não tenho duvida nenhuma da dureza do trilho e ainda por cima com grande exposição solar.
    Parabens pela reportagem fotografica que deixa sempre crescer a adrenalina que existe em descobrir novos trilhos.
    Abraço
    Serafim (pisatrilhos)

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    1. Olá Serafim,
      O vale do Rio Paivó é qualquer coisa!
      Aconselho vivamente! Apesar dos declives... :)
      Boas caminhadas,

      Alberto

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  2. Olá amigos,

    - Arrebatadora incursão aos montes da Gralheira! Infelizmente desconheço uma boa parte do percurso efectuado, mas a julgar pelas fotos dá para perceber que é brutal!
    - Obrigado por fazerem parte de um punhado de pessoas que não desiste em divulgar certos locais aparentemente “perdidos”, mas que fazem parte da nossa memória colectiva. Apesar de nos dias de hoje a maior parte desses locais estarem irremediavelmente condenados ao abandono e ao esquecimento, Drave e os montes da Gralheira continuam vivos! E isso é graças a pessoas como vocês. Obrigado malta!

    Um Abraço Montanheiro,
    Pedro Durães

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    1. Caro Pedro,

      O conjunto de serras que formam este enorme maciço, que dá pelo nome de Gralheira, sempre me fascinaram.
      Dizem que Drave é mágica, mas para mim a magia está toda naquelas montanhas. Do melhor que temos 'cá dentro'.
      Existem por lá trilhos que nos deixam completamente boquiabertos!
      E ainda não perdi a esperança de te ter ao nosso lado numa das próximas incursões por aquelas bandas. :)

      Aquele abraço.

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  3. Olá Alberto, mais um magnifico trilho, tanto que lá voltei o mes passado novamente mas devido ao nevoeiro cerrado apenas foi de ida e volta e foi devido a este trilho que tive de comprar uma bateria de reserva pois na altura a nossa acabou ao chegar á ponte. mas gostei muito da tua foto reportagem. Parabens e boas caminhadas.

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    1. Olá Joaquim,

      Obrigado pela visita e, já agora, pelas dicas que trocamos na altura.
      Aquela zona do vale do rio Paivó é... sem palavras!
      Tivemos sorte com o tempo neste fim-de-semana, céu sempre azul mas algum calor.
      Tanta beleza junta. Dá vontade de por lá ficar!

      Abraço montanheiro e boas caminhadas!

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